Náusea
Mordem-se gargantas de sal na criança vadia que comeu o nome. Àquela hora, as flores esticam-se em bicos de pássaro em busca das vozes que rasgam os olhos na diagonal. Inquieta, a água densa baloiça
precipícios no corpo. Os filhos da náusea aproximam-se, trovejando lágrimas nos portos vermelhos do submar, e a solidão levanta, em quarto crescente, as noites brancas. As pestanas gotejam
luas distantes e gordas que não vêm na enciclopédia, corpos impossíveis a latejar despojos de nuvem no vazio,
corpos que são buracos a expandir-se do avesso. Sabes, às vezes é como se tivesse
orgãos meus no teu corpo, e tu o sangue caído no meu... e as lâmpadas rastejassem mandíbulas pela música até ao aturdir das pistas deixadas pelos caminhos, das cordas cansadas lançadas na escarpa húmida da vida. Ah amor, espera... espera para ouvir o piar do sol
no som felino das teclas, e então estourar a pique esse balão profundo de vísceras
onde mora o vácuo.