Cérebro em percussão de estrelas sós.
De uma grande mala saem ânus de estrias largas como bocas de
aves sem bico, guinchando, babando-se. O ribombar das paredes lança raízes que
asfixiam os vagabundos Kerouac. Um grande lagarto abre-se na sombra dos
possíveis que mingam em planos de deserto. Dos canteiros impossíveis que ardem
nos casebres esquecidos, nas línguas mudas dos cristais encarcerados em grutas,
no palácio inalcansável dos sonhos de que ninguém se lembra, agentes fantasma
dos motores humanos e dos becos dos corpos sem esquina. É o emergir de grandes
gruas, de catapultas de ninhos vazios, de vocábulos deserto em bigornas de
sangue. Das redes da manipulação, a agulha da culpa cose em lume aceso as
cinzas de um dizer de fabulosas aparições sem navalha. Restam sobras de uma
esterilidade voraz. Resvala pela língua um cosmos de cascas inúteis, breves
flores sem a memória dos astros, um espartilhamento das algas que são homens
castrados pelo mar. Mortivam-se bússulas dentro do cárcere. Ah. Abrir janelas! Há
que espantar a inércia de cada segundo que não quebra o relógio, seduzir raízes
novas, moldar o totem. Forjar o nome em fornos placentários sem precipício.
Retirar o corpo de dentro do próprio corpo. Almejar a
estroscopia de um movimento íntimo qualquer. Com meiguice. Cores concêntricas
perdem-se nos céus sem morada. São olhos sem íris.
Ovos estrela estoiram pelo universo.