Ovos Visionarium
Sob um céu cheio de lua uma mulher essencial
estende os seus milhares de pés pelas línguas de areia.
Ovos gigantes desabrocham sobre a cabeça
fios de gema a escorrer por meandros tangerina.
Espectáculo de cascas partidas
pelas mães aéreas da praia,
e o acossar mágico de ventos ascendentes
abertos por olhos de caleidoscópio
e vibrações de um verso por vir.
Na transpiração do Possível,
um céu lúcido de asas.
Sorve-se no instante o batente da água
volumosas máscaras de nuvem erguem-se
soltas livres
granadas de sonho
promontórios de riso.
É a audácia de matamorfosear os prantos
no cio húmido desse transe de bailarinas atlânticas
que são pianos de baleia a erotizar o mar,
nos sóis carnais que esfumam o horizonte em teatralidade íntima.
A mulher avança,
visão sem corpo.
E as ondas recolhem os olhos que são ovos percorridos pelo
céu.
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