quinta-feira, 13 de julho de 2017

Ouvir-te


Ouvir-te


Felino ébrio a percorrer telhados
num descontínuo comboio esfaimado de astros
que transportas nos teus ombros de mulher    

Há outro plano, instantes fixos
o roçar de um horizonte imperturbável
um torpor assombrado no remoto dos sentidos

Algo essencial se aproxima de um centro vivo
que permaneceu inteiro
e eu volto a ser magnífica
Fénix babando de sonho o cavo horizonte
como uma asa noctâmbula e pasmosamente aberta

Essa voz devora assim
os gomos mefíticos da memória
e o som estende a órbita utopia
até à criança que me queres dar na boca

Para lá dos signos do temor
lança a carta geodésica mágica
sem caleidoscópio de inverno

Da fogueira de membrana nova
a respiração da mente dos bravos
e uma clareira coroa a alvorar o coração.


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