quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

23





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Embalamos luzes côncavas.

Num aquário alumiam-se os barcos bastardos do farol
A lava condensa oceanos apertados
Até o calor fecundar o hemisfério líquido dos olhos.

Derrama-se o lume pela língua
Num tronco torneado de mar
A alegria inefável do mergulho
No hálito das laranjas virgens
A fronteira sussurrada do mundo
E sobre as mantas de um supra-real
A insuportável cria da beleza.

A cifra do número concentra
A densidade corporal do som
Na clareira suada de símbolos
Em derradeiro domínio de aves glandulares
Embalamos luzes côncavas.
 

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