Overdose
Num gélido sol de janeiro
Os ramos penetrados engolem
Uma ponte debruçada sobre o céu
Empalam-se os nervos na fúlgida embriaguez
Centrada na fibra inquieta das nuvens.
Os véus da garganta derramam um castelo
A lepra benigna das árvores
Galhos estirados em planos tormentosos
Nódulos vegetais que enlançam o arco-íris da tortura aos olhos.
Nas traves arfadas a infância que ama
Curva a luz que se verga à liberdade
Em aves de arribação que viajam para dentro uma da outra.
Pela estrada um fundo de excesso
Eflúvio nítido de mundo e ventres cheios
Fumos a fazer lacrimejar o céu.
A carne treme com o grito das pupilas
No limite aspirado em balões de sabão gravíticos.
Rosas cinzelam a névoa que brota dos dedos
Cascata incandescente de horizontes sobrepostos
Parede matricial subtilíssima e ardente
Grandiosa inefável cama vertical
E a mãe das pedras a salivar oculta pelas silvas.
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