domingo, 10 de julho de 2016

Colostro


Bicos de jactância branca furam as pequenas bocas dos lobos da noite. No odor das figuras desdobram-se mães de linfa desembrulhando os infernos espremidos que a vida debulha dos seios. Não há como lavar as entranhas da monstruosidade do areal de breu que do orifício se prolonga em rua vulcânica onde se encostam os meninos que ainda precisam de leite no olho sereno e imperdoavelmente vazio. As ravinas do corpo são pedras de lava quente onde pousam os corvos para dar leite à morte. O hospício destes corpos são seres sem asas que se viram para o ventre da via láctea que nasce das gargantas famintas que já não existem. Porque dar leite à cova do céu é privilégio de poucos. Quem inventou o medo sabia o que fazia: Nada é maior do que um buraco.

Sem comentários:

Enviar um comentário