sábado, 17 de março de 2018
Queimada
Queimada
A terra dá à luz pavios
A terra é uma vertigem ao contrário
Com peregrinas mãos no meio.
Nascem bichos brancos entre as labaredas
Serpentes arcaicas sob o fumo respiram árvores
Na galga dos olhos que se abrem para ver a morte.
Sob a terra um uivo sacrificial acende casas íntimas
A vida e a morte cheiram dos dois lados da janela
Enquanto uma mulher se esgana melifluamente no ramo em flôr.
Pelo sopro da montanha movem-se os milénios --
Éguas calcinadas montando os galhos de um azul veloz
A fazer resfolegar os poços fecundos do sol.
Pela estrada sonâmbula de carvalhos
A desorientação de um cavalo em carne viva.
Três moscas nervosas lambem-lhe as estrias
Escorrem-lhe o húmus pelos cascos pútridos e belos
Escorre a beleza pelos poros afora.
Depois
Enterramos os dentes até às raízes do fogo
E dele sugamos a excelência da terra maldita
Onde nenhum carvalho morreu.
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