FOG ou Da Igualdade
A neblina
respira sobre o rio
Anta
subterrânea da vontade dos homens
O humedecer fixado
de uma serpente impávida
Enquanto os
pássaros entrançam o frio
Entre o sono
pesado dos antepassados
e os galhos
tortos de picar os frutos.
Numa fisális
distendida pelo cheiro da chuva
Vejo o choro
limpo das fragas ocultas
E a
paciência triunfal da matéria sem rosto.
De lã na
matriz mineral ela larga
Um gato solene
que declina sobre ti
Uma testa
grande de inverno.
Cordões subtis
a moldar-te o gesto
Dão-te a
inclinação dos ossos violíneos
A expressão
isenta de mundo
Os dedos
têxteis cegando angústias
E a água que
erige a morte telúrica dos vocábulos.
De todas as
casas nas virilhas dos montes
Subo o pavio
das pestanas de pedra
Para comer
cru o céu dos altares
Neutralizar
os metais nodosos que germinam
Até ao
estertorar de cada folha envidraçada.
(De que
falavas à noite sobre a igualdade?)
No hiato
entre os olhos desata-se
O termómetro
dos rins do sol
Vê-se o
vulcão meândrico da terra
O ciclo imperceptível
e sanguíneo dos muros
E pela íris
do barco denso que deslizou
As cores que
não morrem com a aurora.
Deixou de
ouvir abrir-se a boca do mosteiro.
Dédalo
anódino no cumprimento do tempo
E na
vertigem metálica do pulso.
É o desenrolar
da carne num batente branco -
O dia dito
pela ascensão das nuvens.
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