sexta-feira, 9 de maio de 2014

GIO



GIO

(para Giovanni Collazos Carrasco)

 
Um assombramento cerca-me de fibras amorosas

a flôr cardíaca torturada.

Arde(s)-me nas veias um vulcão antigo,

a carne alarga-se ao teu jeito de cometa.

Não sei de onde partiste.

A tua casa é uma nuvem de febre distante

e isso dá-me ganas d’ impossível

na luz pulsante de uma cidade imaginada.

Devoro lentamente a tua voz

sob os astros ferventes em lágrima.

Abro a boca para engolir as tuas mãos

cheias de sonhos e de cinza,

e me fica o desejo afagando o ar

em arrepios inefáveis de utopia.

O poema é como uma casa de nevoeiro.

Entro nua no silêncio,

estendes-me a tua pele para me deitar.

Adoro-te sem te ver a fronte

e saio certa de que inventaremos um país para nós.

 
É o súbito atravessar de uma linha,

um pulso estendido face a uma noite partilhada.

Entre bosques de ternuras olvidadas

e cadáveres em formol dentro da terra,

se acende numa palavra consanguínea

o tes'ouro do laço "rojo" que esgana o medo.
 
 
 

4 comentários: