II.
migras no fio estelar para outrém. frenesim de colagens,
imagens roubadas a depois com o anzol das madrugadas. alegre geringonça essa
que queres levar contigo até à lua, a jangada onde se transporta o infinito.
amas o focinho da vida, e por isso não admites rede. soutiens crescem nos ramos
das árvores, frutos vazios da velhice de olhos estrangeiros. feras escorregam
pelos trilhos a tentar morder-te a cauda, e tu, de escadote na mão e um
estribilho nos lábios, vês as tuas pernas desenroladas a desfiar os caminhos do
amanhã.
Lá longe, onde
não viste, há salitre degolada pelas facas do silêncio, e a música é um
vermelho que jorra farto das estrelas. Fazes asneiras com a gravidade da Terra,
berram, de semblante lustroso, vai mas é p’ra casa! Como?, percebi mal, ouço
óperas a colher antes que apodreçam a língua em debates de tv, verdades que
murmuram as janelas cheias de berços. Mas nunca chega a lenha, nunca chega,
como se houvesse uma esquina suspensa. Porque quase morro sempre? Quero um
beija-poeira das fogueiras de mim, pensas, olhando o leite que escorre nas
praças a arder, e só há vitrais nas igrejas, caramba!, não pode ser... Segues
filósofo pelas frechas do leite até à menina que salta à corda do tempo e aí
deitas-te, colorido como todos os bons, a ouvir cantar a matemática do medo.
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