Luta
Dóis-me. Invades-me as órbitas e os
terraços mentais, estraçalhas-me o sentido até ser flecha aguda em silêncios
sangrada, e carne-limite espasmada para a faca do desejo, e criança lançada
para terras d’infinito, sem mapa nem sandálias, nem mães brancas de lírio a
sorrir caminhos fáceis.
Saberás tu que pulso em balas de luz pétala como os
faróis que o mar enlaça, chorando as ondas em colapso no seu mastro
abismadas? Intuirás tu essa doença da pele febril que me cerca os ossos e
arrepanha rubros os nervos até não haver mais nome, conceito, fechaduras de luar?
Sugo-te estrelas até à ponta mitológica do arrepio, chupo-te o mundo pelo sexo e cuspo-o para a seiva efervescente dos sonhos que se comem em gomos de
horizonte, o húmus do fogo e da flôr do futuro.
Insistes em doer fabulosamente.
Migras em ventos-lobos teus pela voz estiolada em soluços rasgados e doces, como
um nocturno. e. lento. afogamento. ou uma rosa que se engolisse inteira.
Hei-de ser-te impiedosa por dentro.
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